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Seu Nuninho, um senhorzinho encantador

Cachorro caramelo idoso, deitado em um lençol azul

Em homenagem de Nuninho:

O nosso cachorro se chama Seu Nuninho. Ele já veio com esse nome do Centro de Adoção. Tem entre 13 e 14 anos. É um senhorzinho. Só tem os dentes da frente, até os caninos. Pra trás, só um molar superior e ponto. Nosso cachorro é um vira-latas caramelo, de porte entre pequeno e médio. E o nosso cachorro não aprendeu a ser cachorro.

Adotamos o nosso cachorro há pouco mais de um mês, no dia 20/03/2021. Outro idosinho que se junta à nossa família na sua terceira idade. Seu Nuninho estava lá no centro de adoção há uns oito meses, esperando uma família. Mas quem ia até lá procurando um cachorro para adotar, não se encantava pelo nosso “véio”, pois, como eu disse, ele não aprendeu a ser cachorro.

Seu Nuninho não faz festa quando vê alguém. Não é bravo, mas não é simpático. Não sabe abanar o rabo, pedir carinho, pular e lamber a mão da pessoa. Como não sabe ser cachorro, não soube “vender o seu peixe” e não foi notado. Ou até foi percebido, mas não soube encantar.

Antes de chegar no centro de adoção com tantos outros cães, gatos e até aves, ele viveu com uma acumuladora de animais. Sem a menor qualidade de vida, sem o menor estímulo, conforto, amor, carinho ou cuidado. Quando ela faleceu, os vários bichinhos foram encaminhados para protetores e todos, inclusive as aves, encontraram suas “famílias para sempre”, menos o nosso véio. Ele era o último que ainda esperava ser escolhido.

Seu Nuninho tem dificuldade para andar. Não sobe e nem desce escada. Nos seus passeios, ele mais cheira do que caminha. Ele dorme tanto quanto um gato. A audição e a visão já não são lá essas coisas. Por mais que adore um carinho atrás da orelha, leva um susto toda a vez que estendemos a mão para isso. O que será que a mão humana já causou nesse animalzinho?

Nosso véio sente dor nas patinhas traseiras e a esquerda treme muito e tem dificuldade para dobrar. A veterinária suspeita que ele já tenha sido espancado ou atropelado. Nunca saberemos ao certo. Precisa ganhar peso. Carrega marcas. Não sabe vir quando chamamos e não nos segue pedindo carinho ou atenção. Não entendia muito bem que dava pra dormir sempre na sua caminha e, às vezes, o pegávamos dormindo no jornal sujo lá fora.

Treze anos de uma vida que evidentemente não foi boa. Treze anos até nos encontrarmos. Sabemos que a gente não vai ter muitos anos junto com ele. Que chegamos tarde... Mas não tarde demais.

Agora deixamos Seu Nuninho até confuso de tanto carinho. Tem gente assistindo ele dormir e tirando foto da fofura que ele é dormindo. Tem gente limpando o cocô e o xixi que ele faz errado, sem reclamar, simplesmente entendendo que o fato de ele nunca ter aprendido faz parte da sua história de negligência, maus tratos e injustiça. Gente comemorando toda a vez que ele faz um xixi ou um cocô na rua ou no jornal da lavanderia, ao invés do chão da cozinha. Gente explicando pra ele que se dorme na caminha quentinha e não no tapete no frio, e levando ele pra essa caminha quantas vezes for preciso à noite – agora, em pouco mais de um mês em casa, acho que aprendeu. Gente cobrindo ele nas noites frias. Agora, nosso Seu Nuninho come a melhor ração e ganha sachezinho todos os dias. Tem potinhos de água fresca pela casa toda. E está aprendendo a fazer festa e pular na hora de ganhar sua comida. Essa semana, pela primeira vez, me seguiu até meu quarto e dormiu a noite inteira ao lado da minha cama. Eu mal conseguia acreditar.

Esses dias, em conversa com o meu irmão sobre o comportamento do Seu Nuninho, que percebemos o quanto é triste: um cachorro que foi privado de tanto, que sofreu tanto, que não aprendeu a ser cachorro.

Ainda bem que, pra nós, não importa. Trouxemos aquele senhorzinho dorminhoco pra casa. E pelo tempo que ele viver, vai receber tanto amor, carinho, paciência e respeito ao tempo dele, que talvez até aprenda, no auge da sua terceira idade, a ser o vira-latas que ele sempre deveria ter sido. Nosso véio encontrou a sua família para sempre.

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